Relacionando Cânions com os Cânones

Eu sempre achei que a música tão famosa Canon de Pachelbel fosse inspirada ao vislumbre dos cânions. Nos EUA, Portugal e aqui no Brasil encontramos maravilhosos cânions sendo o mais profundo deles no Peru, uma verdadeira montanha invertida.

E dessa maneira também me impacta a música Canon, exuberante, com infinitas possibilidades de variações, assim pode se dizer que os cânions estarão sempre se modificando, com as águas erodindo os solos e o movimento das rochas subindo em um movimento longo e perpétuo, o Canon me mostra obter material harmônico e ideia melódica para variar de forma bela e sem fim.

Porém descobrir que a música não traz relação nenhuma na sua criação, foi uma coincidência apenas etimológica, a palavra em si traz a ideia de cano longo ou canhão, que na verdade ao meu ver traz uma ideia vaga e distante de ambos os lados.

A música Canon

Falemos então sobre a música Canon, alegrei-me ao descobrir a influência que Pachelbel teve sobre um dos meus músicos favoritos, top das galáxias J.S. Bach e sua família, dizem até que a Canon pode ter sido composta para um casamento de um irmão de Bach o qual Pachelbel era meio que padrinho. Podendo ser fato ou não, isso já nos dá indícios que Bach bebeu da fonte de Pachelbel e me alegra muito como professor de música perceber como os conhecimentos são necessariamente compartilhados e sua luz ao passar de mãos em mãos reluz cada vez mais deixando a escuridão, clareando e brilhando cada vez mais. 

Além disso, ela também tem em si a proposta do cânone que é a repetição da ideia melódica de inúmeras maneiras, quase como uma variação, mas a diferença é que a ideia varia ou se repete em outras vozes em uma polifonia mesmo. Nessa técnica ninguém foi tão longe como Bach em complexidade e beleza, porém hoje em dia ela chega ser quase que um grande problema matemático podendo muitas vezes ser realizada apenas através de programas de computadores. 

Exemplos conhecidos de música canon

Quem nunca brincou com a música Frère Jacques onde uma voz começa e a outra segue a outra em tempos diferentes e no final elas se encontram percebe a diversão que é, o que os grandes músicos fizeram foi realizar essa brincadeira com muita técnica e arte.

Pôde-se dizer que o cânone foi o arquétipo (modelo) e essência para o desenvolvimento do contraponto, que chegou em seu ápice com a fuga o qual sem sombra de dúvida no meio musical Johann Sebastian Bach foi o mestre dos mestres.

Claro que esse aprofundamento trouxe muitas regras em seu desenvolvimento e quero aproveitar também e relacionar o cânone com filósofos e religiosos, que acabou significando uma regra que vai se tornando uma lei que se reforça com o tempo. Não é incrível ver tudo isso relacionado a uma única peça musical, pois existem regras de homofônia e polifônia presentes. 

Elas, assim como os cânions que vão cada vez mais deixando sua marca ao longo dos anos, assim as leis se estabelecem com o desenrolar das problemáticas, dessa maneira o Canon foi se firmando com o passar do tempo tornando Pachelbel uma referência para não só Bach e sua família, mas também para tantos outros músicos. Cruzando fronteiras, aproveitando aqui, quero sugerir duas músicas de jazz, gênero o qual super bebeu da arte do divertimento do tema e suas ilimitadas possibilidades. 

São elas:

On the Sunny side of the street na versão de Dizzy Gillespie e Strausborg Saint Denis de Roy Hargrove.

Deixo um fortíssimo abraço musical e espero que curtam a música Canon que tive a alegria de tocar com meu amigo Washinton e minhas amigas Lin e Veronica. Viva Johann Pachelbel!

Professor Bruno Lucio

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